terça-feira, 8 de setembro de 2009

UFC 102 - Análise

Demian Maia é apontado por muitos como um dos maiores especialistas de jiu-jitsu brasileiro a competir nas artes marciais mistas, e como tal a expectativa de vê-lo medir forças contra um lutador consagrado e poderoso como Nate Marquardt era enorme. A táctica de Maia passava sem dúvida por levar a contenda para o chão, porém um poderoso murro de Marquardt em cheio no queixo, logo aos 21 segundos, fez com que o brasileiro só lá chegasse KO. Ao ver o adversário caído e incapaz de se defender, Nate fez jus à sua alcunha de "o grande" e demonstrou um grande desportivismo ao afastar-se por iniciativa própria, antes mesmo de o árbitro declarar terminada a luta.

Se este combate foi breve, assim como o foi aquele que opôs Keith Jardine a Thiago Silva (vitória do brasileiro por TKO cedo no primeiro assalto), os fãs puderam saciar-se durante 15 minutos inteiros na batalha das lendas entre o "Capitão América" Randy Couture e António Rodrigo "Minotauro" Nogueira. Um duelo verdadeiramente sensacional!

No início do primeiro assalto os dois atletas começaram por testar o boxe um do outro, mas rapidamente Nogueira tentou levar a luta para o chão. Todavia Couture não tinha nascido propriamente no dia anterior e como tal preferiu não entrar tão cedo nesse autêntico labirinto que é o jiu-jitsu de "Minotauro". O combate recomeçou de pé, com ambos os lutadores a alternarem o boxe com o dirty boxing, até que Nogueira logrou derrubar Couture com uma combinação de murros. O brasileiro não perdeu tempo e procurou terminar a luta com um d'Arce choke, porém Couture conseguiu escapar e regressar à posição vertical. Até final do assalto os dois lutadores continuaram a trocar murros debaixo de um apoio ensurdecedor do público a Randy Couture, sem que nenhum conseguisse ganhar ascendente.

O segundo assalto começou como o primeiro tinha terminado, mas logo aos 30 segundos Nogueira tentou novamente levar o combate para o chão e desta vez Couture não se fez rogado, ficando na guarda do brasileiro. O "The Natural" tentou então atacar com murros e cotoveladas, mas quem já sobreviveu por mais de uma ocasião ao ground and pound de Fedor Emelianenko não se intimida com facilidade, e menos de minuto e meio depois "Minotauro" conseguiu rodar sobre si mesmo e ficar numa posição de montada sobre Couture. A partir daí Nogueira não perdeu tempo em tentar um triângulo de braço, mas mesmo com alguns socos persuasivos à cabeça e às costelas Couture resistiu e conseguiu novamente levantar-se, para delírio do público presente. Nos sessenta e poucos segundos até final do assalto os dois atletas continuaram a trocar golpes, apesar de algum desgaste que compreensivelmente já iam sentindo.

No terceiro e último assalto foi Nogueira a começar mais forte, e com pouco mais de trinta segundos decorridos derrubou Couture com uma direita tremenda ao queixo. O brasileiro atacou imediatamente com ground and pound, castigando ainda mais o "Capitão América", todavia este continuou a fazer jus ao seu cognome e evitou um TKO que parecia aproximar-se a passos largos. Por fim, com pouco mais de um minuto para o final da luta, e aproveitando uma tentativa de rear naked choke de "Minotauro", Couture conseguiu passar para cima e ficar na guarda do brasileiro. Daí até ao fim o norte-americano tentou atacar o seu oponente sobretudo com cotoveladas, porém Nogueira aguentou-se firme e no segundo final conseguiu mesmo inverter posições e ficar na guarda de Couture, à semelhança do que já havia feito no primeiro assalto.

Terminada esta contenda épica, dois dos juízes atribuíram a vitória a Nogueira nos três assaltos, enquanto o terceiro conseguiu descortinar um assalto em que considerou Couture superior. António Rodrigo Nogueira venceu assim por decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28) e na flash interview pediu a Dana White um combate pelo título contra Brock Lesnar, presente na audiência e a torcer nitidamente pela vitória do seu compatriota. Não sabemos se o presidente da UFC irá considerar que está na altura de Nogueira disputar o título, mas seja como for pode ser demasiado cedo para fazer planos envolvendo Brock Lesnar, dado que o colosso vindo do wrestling profissional tem combate marcado contra um dos poucos lutadores capazes de lhe fazer frente em termos físicos, o invicto Shane Carwin. De qualquer forma, o importante é que temos mais alguns combates verdadeiramente fascinantes em perspectiva.

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UFC 116: Lesnar vs. Carwin

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