UFC 109 - Análise
Numa altura em que o futebol português insiste em proporcionar ao público cenas de pancadaria em balneários e aeroportos, é reconfortante ver como na UFC os murros e pontapés são deixados para os especialistas. Provavelmente Randy Couture saberá tanto explicar a regra do fora-de-jogo como as mecânicas mais intrincadas da física quântica, mas como lutador de MMA que, é prefere cingir-se ao que sabe e não se envergonhar em modalidades que não são a sua.
Este sábado Couture enfrentou Mark Coleman num combate que esteve originalmente agendado para o UFC 17, há mais de dez anos. Nessa altura Couture lesionou-se e acabou por ser substituído por Pete Williams, mas agora a luta entre estes dois hall of famers tornou-se finalmente realidade. Infelizmente para Coleman, "realidade" era a coisa em que ele menos estaria interessado, já que só mesmo no reino da fantasia este ex-campeão poderia em 2010 vencer o "The Natural" Randy Couture. É que apesar de Couture ser um ano e meio mais velho que Coleman, este último acusa muito mais a passagem dos anos e sobretudo não apresenta evolução nas suas técnicas. Ao passo que Couture se foi tornando num lutador progressivamente mais completo, Coleman continua aos 45 anos a combater da mesma forma que o fazia quando se estreou em 1996, e se alguma coisa o combate entre Royce Gracie e Matt Hughes nos ensinou foi que o que funcionava na década passada pode não funcionar da mesma forma nos dias de hoje.
Apesar de Couture ser considerado um estratega por excelência, capaz de conceber a estratégia ideal para vencer qualquer adversário (pelo menos em teoria), a verdade é que até uma criança adivinhava a forma como o "Capitão América" iria vencer Coleman. Após um período inicial de estudo mútuo, Couture encurtou distâncias e prendeu Coleman contra a jaula no clinch. Daí até ao final do assalto o lutador do Oregon foi castigando o adversário com o seu famoso dirty boxing, sem sequer tentar levar a luta para o chão. Quando soou a buzina para o intervalo era evidente que Coleman já tinha esgotado as suas forças, e sobretudo a sua expressão deixava bem claro que não via qualquer forma de inverter o rumo dos acontecimentos no segundo assalto.
Retomada a contenda Couture rapidamente regressou ao clinch, mas desta vez Coleman já estava cansado demais para se defender, pelo que Couture conseguiu sem dificuldades efectuar um takedown. Nesta altura já não havia nada que Coleman pudesse fazer, e depois de um breve período de ground and pound Couture chegou à vitória através de um rear naked choke. O "Capitão América" poderá agora vir a lutar pelo título com o vencedor do duelo entre Machida e "Shogun", enquanto a carreira de Coleman terá provavelmente chegado ao fim.
Nos outros combates da noite, destaque-se a derrota de Rolles Gracie e o surpreendente triunfo de Chael Sonnen contra Nate Marquardt. Quando muitos previam uma vitória de Nate e nova oportunidade para enfrentar Anderson Silva pelo campeonato de pesos médios, eis que Sonnen veio provar mais uma vez que em MMA não há vitórias antecipadas, e assim colocar-se na linha da frente pelo privilégio dúbio de medir forças com o campeoníssimo Silva.
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