segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UFC 104 - Análise

Tendo em conta que Lyoto Machida e Cain Velasquez saíram vencedores dos respetivos combates, nos quais eram francamente favoritos, pode parecer estranho considerar que a noite no Staples Center foi polémica. Todavia este adjetivo não será exagerado para o que se passou nos dois combates principais do UFC 104.

Cain Velasquez entrou totalmente dominador, derrubando Rothwell a seu bel-prazer com um wrestling muito apurado e castigando o lutador do Wisconsin com ground and pound. Durante os cinco minutos do primeiro assalto Rothwell foi sendo repetidas vezes derrubado e castigado no chão, à semelhança do que já havia acontecido a Cheick Kongo no UFC 99. No início do segundo assalto Velasquez voltou a conseguir ascendente sobre o adversário, prendendo-o contra a vedação e atacando-o com várias esquerdas ao rosto. Rothwell efetivamente não conseguiu bloquear estes golpes do seu oponente, mas parecia estar plenamente consciente, tendo inclusive conseguido levantar-se e melhorar a posição uma fração de segundo antes de o árbitro interromper o combate e atribuir a vitória por TKO a Velasquez.

Esta decisão foi fortemente contestada pelo público e por Ben Rothwell, sendo que até Velasquez fez uma expressão de desacordo. É sabido que a missão principal do árbitro é proteger a integridade física dos atletas, mas um bom árbitro tem de saber quando é que esta efetivamente está em perigo. Atente-se por exemplo no primeiro combate entre Brock Lesnar e Frank Mir, quando Mir foi sovado durante quase 90 segundos até ganhar por submissão. Curiosamente o árbitro nessa ocasião foi também Steve Mazzagatti, mas aí demonstrou melhor discernimento e deu a Mir oportunidade para inverter o rumo dos acontecimentos, coisa que não fez com Rothwell.

Em abono da verdade, diga-se que muito dificilmente o resultado final seria outro que a vitória de Velasquez. Com mais este triunfo, o sétimo em outros tantos combates, Velasquez aparece agora muito bem situado para enfrentar o vencedor do confronto entre Brock Lesnar e Shane Carwin pelo título de pesos pesados da UFC. Mas é preciso contar com António Rodrigo Nogueira, que depois de vencer Randy Couture também tem legítimas aspirações a ser campeão.
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No combate principal da noite, Maurício "Shogun" Rua surpreendeu muita gente que tinha dúvidas sobre a sua condição física depois de várias intervenções cirúrgicas e levou Lyoto Machida ao limite durante os cinco assaltos do combate que disputaram pelo título de categoria de pesos meio-pesados. Pela primeira vez na UFC o lutador de Belém perdeu um assalto na opinião dos juízes, e o cansaço que demonstrava no final da contenda deixava bem claro que este tinha sido o duelo mais difícil da carreira de Machida até agora. No final os três juízes deram a vitória a Machida por 48-47 (três assaltos ganhos contra dois assaltos perdidos), porém esta decisão foi no mínimo controversa, já que tanto o público como o próprio presidente da UFC, Dana White, consideraram que "Shogun" tinha merecido a vitória. É possível que tenha havido aqui alguma proteção por parte dos juízes, que em caso de dúvida tendem a favorecer o campeão em título, contudo a insatisfação gerada foi tal que até Dana White afirmou que é necessário formar melhores juízes para que decisões como esta não se repitam.

Fala-se já que Maurício Rua poderá ter uma nova oportunidade de enfrentar Machida no próximo combate, algo com que ambos os lutadores disseram estar de acordo. A isto não será alheio também o facto de Forrest Griffin ter sido humilhado por Anderson Silva e de Quinton "Rampage" Jackson ter sido escolhido para interpretar o papel do lendário "B.A." Baracus na adaptação para o cinema do clássico de televisão dos anos 80 "The A-Team". Perante este cenário, e já que o primeiro combate entre Machida e Rua deixou tantas dúvidas, por que não repeti-lo imediatamente? Será difícil encontrar algum fã de MMA que não queira voltar a ver os dois brasileiros no octógono o mais brevemente possível.

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UFC 116: Lesnar vs. Carwin

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